sábado, 21 de novembro de 2015

Branco no Preto

Quando a gente entra na faculdade, nos deparamos com pessoas de lugares e personalidades diferentes. Nunca sabemos o que esperar com quem iremos nos dar bem e quais serão as desavenças. As turmas sempre começam lotadas e à medida que os meses vão passando as pessoas acabam sumindo. Já no quarto período do curso de publicidade, com a turma reduzida em mais de 50%, Ricardo Lima também ameaçou abandonar o barco. Foram muitas conversas, mas, no fim, ele decidiu pela traição. Largou Publicidade e pulou em Jornalismo.

A ida para o lado inimigo rendeu certas desconfianças. Ainda mais quando o víamos felizes e mais realizados. O que tínhamos de errado? Eu comecei a entender o sentimento que ele sentia quando eu quis ir para o lado do inimigo, já no final do curso. Mas, ao invés de abandonar tudo, eu resolvi terminar e ingressar em Jornalismo, assim como Ricardo.

Dono de uma personalidade divertida, eu encontro um Ricardo, numa das poucas aulas que fazemos juntos, sério, centrado e muito apaixonado. Namorando a colega de sala Jéssica Dumer, já há algum tempo, ele me surpreendeu em vários aspectos.

Boa parte dessa mudança repentina é de responsabilidade da Jéssica. Ela, muito centrada, concentrada, transformou um “bobão” em um dos caras mais responsáveis que eu conheci. E isso resultou numa parceria incrível dos dois. Companheirismo, amizade respeito foram as principais características que eu notei.

Mas, o que eles não contavam era que seriam rivais no gramado. Ele é corintiano doente e ela botafoguense roxa. A rivalidade é constante. Em dia de jogo, não trocam uma palavra. Quando os times se enfrentam nem se olham. E é com essa diversidade que eles se completam ainda mais.

Pensando nisso, eu os convidei para participarem do meu trabalho acadêmico que iria falar,
justamente, de diversidade. O projeto consiste em encontrar casais que sejam diferentes em algum aspecto e usam disso para se tornarem ainda mais unidos. Quem melhor do que Ricardo e Jéssica para provar que o amor é maior do que uma camisa preta e branca?

Para maior comodidade dos envolvidos, sugeri que o encontro fosse no condomínio dela, que era amplo e excelente para as fotografias. Enquanto Jéssica se vestia a caráter eu arrumava minha câmera e conversava com Ricardo, já pensando nas fotos que seriam tiradas.

A gente se divertiu bastante tirando as fotos por todo o local. Fomos à quadra, ao balanço, ao gramado e eles brincaram com a bola de futebol, com a mesa de pingue pongue, totó e sinuca. Foi um trabalho em equipe e conseguimos transpor para a foto toda a sintonia, paixão e companheirismo do casal.

Sai de lá com um sorriso no rosto e a certeza de ter feito o melhor para conseguir tirar as fotos perfeitas. Cumpri minha missão de tirar as fotos que retratassem bem o quanto Ricardo e Jéssica são unidos, mesmo vestindo camisas diferentes e gritando de times, felizes, e ao mesmo tempo:

_ Hoje o Botafogo vai ganhar!

_ Sabe de nada, inocente.

Saí de lá certa de que há diferença, mas não pode barrar a maior de todas as forças: o amor!


Sendo assim, que convivam (des) harmonicamente. Afinal, que seria do azul se não fosse o amarelo? Ou no caso deles, o que seria do branco se não fosse o preto?

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